Todos ouvimos, quando crianças, a conhecida estória da cegonha que trazia os bebês cheirosos e sorridentes, amarrados pela fralda em seu grande bico, para os pais que dormiam tranquilamente.
Para mim, este conto lembra bastante um outro, o do papai Noel e o Natal, sendo que os bebês simbolizam os presentes para os pais, o que não deixa de ser verdade. Mas, algumas dúvidas ainda restavam. De onde vinham as cegonhas? Onde os bebês eram “feitos”? Bom, agora como adultos vamos colocar o romance e a fantasia um pouco de lado, para entender como ocorre a gravidez naturalmente, do ponto de vista biológico. Para isto é preciso conhecer como funcionam os sistemas reprodutores masculino e feminino.
Sistema reprodutor masculino
As células reprodutoras masculinas são os espermatozoides. Os espermatozoides são constantemente produzidos dentro de tubos microscópicos no interior dos testículos, a partir da puberdade. Os espermatozoides são formados pela cabeça e pela cauda. A cabeça contém o DNA, que é o material genético que será transmitido aos descendentes, além de outras estruturas importantes para a formação do embrião. A cauda é responsável pela movimentação dos espermatozoides, sendo essa a sua principal característica, permitindo que eles “nadem” dentro do sistema reprodutor feminino (ver adiante) até encontrar os óvulos.
Após a produção, os espermatozoides “amadurecem” nos epidídimos (uma pequena bolsa ao lado dos testículos) e dali são transportados dentro de um outro tubo, o ducto deferente, até a uretra, por onde saem do pênis na ejaculação. O sêmen é o líquido expelido na ejaculação e é formado pelos espermatozoides, que vem dos testículos, e por um líquido produzido na próstata e nas vesículas seminais. Este líquido é importante pois contém nutrientes e torna o ambiente adequado para a sobrevivência dos espermatozoides. O sêmen também contém outros elementos que não estão relacionados diretamente com o processo reprodutivo, como as células redondas (espermatozoides jovens, células de defesa ou de revestimento deste trajeto que os espermatozoides passam até sair do organismo).
Sistema reprodutor feminino
Os óvulos são as células reprodutoras femininas e são formados quando a mulher é ainda um feto e está dentro do útero de sua mãe. Nesta fase se forma um “estoque” de óvulos, isto é, todos os óvulos que a mulher terá durante a vida são formados na sua vida fetal, antes do seu nascimento. Os óvulos são armazenados nos ovários, dentro de estruturas chamadas folículos. Os folículos também produzem os hormônios femininos, que são responsáveis por preparem o organismo para a gestação. Dentro de cada folículo há apenas um óvulo. Durante a infância, os folículos não conseguem amadurecer e ovular por falta de hormônios. É só a partir da puberdade, com ambiente hormonal favorável, que mensalmente um conjunto de folículos inicia o seu crescimento e consegue progredir. Deste conjunto de folículos em crescimento, apenas um a cada mês é escolhido para completar o desenvolvimento e ovular; os demais degeneram, isto é, para cada óvulo que consegue sair dos ovários com a ovulação, vários outros foram selecionados mas não completaram seu desenvolvimento e acabam sendo perdidos.
Ao sair do ovário, o óvulo é capturado pela tuba uterina, um tubo que o transporta em direção ao interior do útero.
A medida que o óvulo amadurece rumo à ovulação, o útero vai se preparando para a possível chegada do embrião. O desenvolvimento dos óvulos e a preparação do útero ocorrem simultaneamente devido à produção de hormônios pelos ovários. Enquanto o folículo cresce, ele produz um hormônio chamado estradiol. O estradiol é responsável pelo estágio inicial da preparação do útero para a gravidez, promovendo o crescimento do endométrio, que é o revestimento interno do útero, onde o embrião se implantará. Após a ovulação, o folículo se transforma em uma glândula chamada corpo lúteo, que produz o hormônio progesterona. A progesterona atua também no endométrio, já espessado pelo efeito do estradiol, promovendo a secreção de nutrientes e o transformando em um endométrio receptivo, isto é, favorável à implantação do embrião. Portanto, há uma sincronização dos eventos no ovário e no útero de forma que, se um embrião for formado, ele chegará ao útero e encontrará um ambiente propício para a implantação.
Quando a gestação não ocorre, o corpo lúteo para de produzir progesterona e o endométrio descama, o que chamamos de menstruação. No mês seguinte, todos estes eventos ocorrem novamente, constituindo o ciclo menstrual.
Interação entre os sistemas reprodutores masculino e feminino e a ocorrência da gravidez naturalmente
Durante a relação sexual, quando o homem ejacula, o sêmen fica armazenado no fundo da vagina, próximo ao colo do útero, que é a entrada do útero. Como os espermatozoides se movimentam naturalmente, eles conseguem entrar pelo orifício do colo do útero e, após percorrer aproximadamente 2-3cm do canal cervical, entram no interior do útero. Os espermatozoides são quimicamente atraídos pelo óvulo e se deslocam em direção à tuba uterina que capturou o óvulo ovulado naquele mês. Estima-se que este deslocamento dos espermatozoides, desde a vagina até a tuba uterina, demore poucos minutos.
O encontro entre o óvulo e os espermatozoides ocorre dentro da tuba uterina. Milhares de espermatozoides chegam até o óvulo, mas apenas um consegue fecundá-lo, formando o embrião. Esse processo é o que chamamos de fertilização. O embrião formado é transportado até o útero pela tuba uterina. Ao longo deste trajeto, as células do embrião se dividem de forma que, ao chegar ao útero, aproximadamente cinco dias depois da fertilização, o embrião está apto para implantar, isto é, aderir-se ao endométrio (o que chamamos de implantação).