O óvulo é uma célula fundamental para que a gravidez aconteça. Quando não há mais óvulos ou quando a qualidade dos óvulos remanescentes é baixa, não é possível engravidar de forma natural, ou mesmo através de tratamentos de reprodução assistida. Contudo, nestas situações, é possível utilizar óvulos doados, um tratamento que ajuda muitas mulheres que ainda desejam engravidar a realizar este sonho.
A doação de óvulos (ovodoação) é um tratamento bastante eficaz, uma vez que grande parte da chance de um tratamento de reprodução assistida dar certo depende justamente da qualidade dos óvulos. Em geral, esta qualidade tem relação direta com a idade da mulher, já que o útero – outro órgão essencial para a gravidez – mantém por muitos anos sua capacidade reprodutiva até em idade mais avançada, salvo em algumas doenças específicas.
Quem são as doadoras de óvulos?
São mulheres com idade em que encontramos as mais altas chances de gravidez, em geral com até 32 anos, podendo chegar até 37 anos de idade em alguns casos. Este é um tratamento regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, portanto permitido no Brasil, mas há certas regras que devem ser respeitadas para que o processo seja seguro para todos os envolvidos:
- A doação pode ser anônima, o que significa que a doadora nunca conhecerá a receptora, nem o bebê originado do tratamento feito com os óvulos doados,
- A doação pode ser feita por uma parente de 4o grau da receptora. Em ambos os casos, é importante ressaltar que a doadora de óvulos não pode ser remunerada para fazer este tipo de tratamento.
- A doadora deve ter no máximo 37 anos de idade.
Além disso, a doadora precisa ter boa saúde geral, boa reserva ovariana e não pode ter nenhuma doença infecciosa. Por isto, antes de doar óvulos a candidata passa por uma avaliação médica minuciosa, com avaliação de histórico de saúde pessoal e familiar, bem como exames variados.
Em quais situações se considera o tratamento com óvulos doados?
As principais circunstâncias que demandam uma doação de óvulos como parte do processo para engravidar são:
- Mulheres com falência ovariana (também conhecida como menopausa, precoce ou oportuna) natural ou induzida por alguma doença ou tratamento, como por exemplo contra o câncer;
- Falhas repetidas em tratamentos de FIV, quando se acredita que o responsável pelo insucesso seja a qualidade dos óvulos;
- Mulheres com alguma doença genética cujos óvulos não têm condições de gerar embriões saudáveis;
- Casais homoafetivos masculinos;
- Pais solteiros que optam pela paternidade solo
Como é feita a escolha da doadora?
A escolha da doadora é feita baseada em critérios de similaridade física com a receptora. Leva-se em consideração, dentre outras coisas, o tipo sanguíneo. A receptora participa desta escolha, isto é, o processo não é feito “às cegas” e a receptora tem acesso a descrição de características físicas da doadora (sem contudo poder identificá-la), bem como histórico médico pessoal e familiar.
Por quê alguém doaria óvulos?
A doadora de óvulos pode fazer a doação de forma totalmente altruísta, isto é, doar seus óvulos sem nenhuma contrapartida. Outra opção é doar parte dos óvulos e usar a outra parte para um tratamento de FIV ou ainda, para congelamento de óvulos e uso futuro (preservação da fertilidade). Esta última alternativa é a chamada doação de óvulos compartilhada. É importante salientar que no Brasil não é permitido receber dinheiro para doar óvulos. Contudo, permite-se que, no caso da doação de óvulos, o tratamento da doadora seja custeado pela receptora, portanto é uma forma de ajuda mútua que pode ser interessante para mulheres que precisam passar pela FIV ou querem congelar óvulos com um custo menor.
Como funciona a doação de óvulos?
A doação de óvulos pode ser feita “à fresco” ou com óvulos congelados. No caso da doação “à fresco”, após a doadora ser escolhida por uma receptora, programa-se a fase de estimulação ovariana com medicações para amadurecer mais óvulos. Este é um processo que leva de 8 a 10 dias e geralmente começa no início de um ciclo menstrual.
No final da fase de estimulação ovariana, acontece a coleta de óvulos: um processo rápido, guiado por ultrassom e feito sob anestesia. No dia da extração dos óvulos, recomenda-se repouso, mas normalmente, as mulheres podem retomar suas atividades a partir do próximo dia.
Uma vez extraídos, os óvulos são examinados quanto a sua maturidade e fertilizados pelos espermatozoides do parceiro da receptora (no caso de doação compartilhada, apenas parte dos óvulos é doada e outra parte fica com a receptora para congelamento ou FIV com seu parceiro). A partir daí, seguimos para uma Fertilização in vitro (FIV).
Na doação de óvulos congelados, o processo de estimulação ovariana e extração dos óvulos foi feito antes e os óvulos foram congelados. Quando a receptora escolhe uma doadora que tem óvulos congelados, os óvulos são descongelados e fertilizados pelos espermatozoides do parceiro da receptora, os embriões são cultivados da mesma forma explicada anteriormente e transferidos ao útero da receptora ou congelados.
A doação de óvulos reduz a reserva ovariana da doadora?
Não. A estimulação ovariana, essencial para doar óvulos, não promove um maior desgaste da reserva ovariana, isto é, mulheres que doam óvulos não terão a menopausa mais cedo por conta disto, pois todos os óvulos obtidos seriam descartados naturalmente naquele mesmo ciclo caso não fosse feito o tratamento. O mesmo é válido para mulheres que passam pela FIV com seus próprios óvulos.
A cada ciclo, os ovários promovem o amadurecimento de um óvulo para a ovulação, mas neste processo, diversos outros são descartados. A estimulação ovariana tem como objetivo recuperar parte destes óvulos que seria descartada naturalmente.
Outro ponto importante: a doação de óvulos não interfere em absolutamente nada da fertilidade feminina, e a mulher continua a ter as mesmas chances de engravidar que já teria naturalmente, sem ter feito a ovodoação.
E para a receptora, como funciona o tratamento com óvulos doados?
Seja com óvulos “a fresco” ou com óvulos congelados, a receptora passa por um processo de preparação do útero para receber os embriões. Este tratamento é simples e começa no início de um ciclo menstrual, com a administração de medicações para preparar o endométrio (a parte interna do útero). Depois de 16 a 21 dias depois, o útero estará preparado para receber um embrião.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o número máximo de embriões formados com óvulos doados e transferidos simultaneamente ao útero é de 2, pois respeita-se o limite referente à idade da doadora.
Se a leitura deste artigo fez você refletir sobre a possibilidade de doar óvulos ou solicitar uma doação de óvulos para poder engravidar, vamos conversar. Tirar suas dúvidas é essencial para escolher o melhor tratamento para a sua necessidade.