Preservação da fertilidade feminina
Algumas mulheres têm o desejo de serem mães, mas ainda não encontraram as condições ideais: às vezes, ainda não têm um parceiro, em outras, ainda não se sentem estáveis profissional ou financeiramente. Há ainda quem gostaria de aproveitar mais a vida e deixar para pensar na maternidade mais tarde e não há nenhum problema quanto a isso. A decisão de ser ou não mãe e de quando isto acontecerá é particular de cada mulher.
Contudo, para um planejamento reprodutivo adequado e sem arrependimentos futuros, é preciso saber que a fertilidade feminina diminui com o avançar da idade, isto é, vai ficando cada vez mais difícil engravidar com o passar dos anos. Esta queda é mais perceptível após os 35 anos, em média. Depois dos 40 anos, a chance de gravidez diminui muito rapidamente. Algumas questões relacionadas ao estilo de vida, como por exemplo, o tabagismo, podem acelerar ainda mais a queda da fertilidade.
Mesmo as mulheres que levam um estilo de vida absolutamente saudável não conseguem prevenir a queda da fertilidade com o passar da idade. Por isso, é importante ficar muito claro para todas as mulheres que, postergar a maternidade sem o devido planejamento pode causar alguns transtornos do ponto de vista reprodutivo, entre eles, a dificuldade para engravidar e, em alguns casos, até a impossibilidade de gerar filhos com óvulos próprios. Por isso, se você pensa em engravidar após os 35 anos ou ainda, se você não tem certeza se quer ser mãe no futuro mas gostaria de manter esta possibilidade aberta, pode ser interessante pensar em congelar óvulos.
A técnica de congelamento dos gametas femininos de forma eficaz é relativamente recente, sendo realizada há aproximadamente 12 anos, com uma taxa média de sobrevivência dos óvulos entre 80 e 90%. É importante ressaltar que essa taxa varia de acordo com alguns fatores, sendo o principal deles a idade em que esta mulher tinha quando congelou os óvulos. Uma vez congelado o óvulo “não envelhece”, isto é, mantém a chance de ser fertilizado e formar um embrião que tinha no momento do congelamento mesmo se for usado depois de alguns anos.
Outras indicações
Mas não é só para as mulheres que consideram engravidar mais tarde na vida que o congelamento de óvulos é importante. Existem outras indicações para o congelamento de óvulos e nós vamos falar um pouco sobre cada uma delas a seguir:
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Quando a paciente recebe o diagnóstico de câncer e tem desejo de ser mãe depois do tratamento, ela pode realizar o congelamento dos óvulos. Para saber mais sobre tratamentos de fertilidade para pacientes com câncer, leia este artigo a respeito do tema.
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Se a mulher tem parentes próximas (mãe ou irmãs) que tiveram a menopausa naturalmente antes dos 40 anos, há um maior risco de terem baixa reserva ovariana e, consequentemente, um menor tempo para engravidar. Por isso, é prudente que as mulheres que têm este antecedente familiar avaliem o estado de sua reserva ovariana a partir dos 30 anos e caso considerem engravidar mais tardiamente, pensem a respeito do congelamento de óvulos.
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Em alguns casos nos tratamentos de fertilização in vitro, pode-se obter um número de óvulos maior do que se deseja fertilizar, isto é, combinar com espermatozoides. Ao invés de fertilizar todos eles, a mulher pode optar por congelar uma parte destes óvulos para usar futuramente.
Como é feito o congelamento de óvulos
1. O primeiro passo é fazer uma consulta médica para entendermos as particularidades de cada mulher, tirarmos eventuais dúvidas sobre o procedimento e traçarmos a estratégia de tratamento (número ideal de óvulos a ser congelado, como será a estimulação ovariana, etc).
2 . A seguir, são solicitados alguns exames de sangue para podermos fazer o planejamento do tratamento. Na consulta, também é realizada uma ultrassonografia transvaginal para avaliar o número de folículos ovarianos (leia mais sobre a avaliação da reserva ovariana aqui).
3. Depois disso, a paciente passará pela estimulação ovariana, que consiste na administração de medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento e amadurecimento dos óvulos. A aplicação dos medicamentos começa em geral no segundo ou no terceiro dia de menstruação dura de oito a 12 dias, a depender da resposta ovariana às medicações.
4 . Durante esta fase de estimulação ovariana o crescimento dos folículos (estruturas nos ovários onde ficam os óvulos) é acompanhado por meio de ultrassonografias transvaginas feitas a cada 2 ou 3 dias. Quando os folículos atingem o tamanho de maturidade, programa-se a extração dos óvulos, um procedimento rápido e feito sob anestesia (a paciente dorme e não sente nenhuma dor).
5. Depois da coleta, os óvulos são examinados para avaliar sua maturidade (apenas os óvulos que estão completamente maduros são congelados), preparados com crioprotetores e, logo a seguir, são congelados por uma técnica chamada vitrificação, na qual a temperatura cai rapidamente para -196ºC (a temperatura do nitrogênio líquido).
Qualidade do óvulo
Vale lembrar que enquanto a mulher ainda tem óvulos é possível congelá-los, mas quanto maior a idade na qual o congelamento é feito, menores as chances de gravidez que serão mantidas para o futuro, caso seja necessário utilizar estes óvulos. Por isso, pensando nas maiores chances de gravidez, é recomendável que o congelamento de óvulos seja feito até os 35 anos de idade, se possível.
As chances de engravidar a partir de óvulos congelados depende diretamente da idade que você tinha quando decidiu pelo congelamento e também da quantidade de óvulos que conseguiu preservar.
Portanto, pense com carinho na possibilidade de congelar seus óvulos o quanto antes: é melhor ter óvulos congelados e nunca precisar do que não tê-los no momento da vida em que mais desejar ser mãe.
Se você ainda tem dúvidas se o congelamento de óvulos é para você, converse com um especialista. Com as informações certas, você terá mais segurança para decidir qual é a melhor forma de planejar o seu futuro reprodutivo.