Quais são os tratamentos de gravidez para casais homoafetivos?
Os constantes avanços da ciência permitem que os casais homoafetivos possam ter filhos sem quaisquer restrições, a depender apenas das suas condições de saúde. Atualmente, existem duas opções de tratamentos de reprodução assistida indicados para esses pacientes: a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV).
Os procedimentos para casais de homens e para casais de mulheres tem algumas particularidades que explicamos a seguir.
Como funciona a Gestação Homoafetiva Feminina?
O primeiro passo é procurar atenção especializada. Numa consulta médica, serão abordados temas que se referem à saúde de cada uma, tiradas dúvidas em relação aos procedimentos e às opções viáveis para a gestação. Também serão solicitados exames para avaliar a saúde reprodutiva das parceiras.
Com base no resultado destes exames, vamos traçar um plano para o tratamento baseado nas preferências do casal e nas possibilidades biológicas das mães. Afinal, é necessário escolher qual das mães doará os óvulos a serem utilizados no tratamento e quem irá engravidar, e esta é uma decisão feita com base não apenas no estado de saúde e na reserva ovariana, mas também no desejo pessoal das parceiras.
Existem duas formas da gestação homoafetiva feminina acontecer: a primeira delas é quando uma das parceiras pode ser escolhida para originar os embriões e para engravidar, isto é, os embriões serão formados com os óvulos e implantados no útero da mesma pessoa. Há uma outra possibilidade para estes casais, a gestação compartilhada: os óvulos para a formação do embrião podem vir de uma das parceiras e os embriões resultantes serem implantados no útero da outra parceira.
Um ponto comum e independente da escolha acima é que para estas pacientes é necessário utilizar espermatozoides doados, normalmente provenientes de um banco de espermatozoides. As pacientes podem escolher as características físicas do doador anônimo, além de ter acesso ao histórico de saúde pessoal e familiar do doador. Vale ressaltar que tanto os dados de doadores e de receptores de gametas doados são mantidos em sigilo, garantindo a segurança e a confiabilidade deste processo tão importante.
Uma vez feita a avaliação do casal e recebidos os espermatozoides doados, chega a hora de definirmos qual será o tratamento para o casal, que pode ser:
A inseminação intrauterina
este é um tratamento que se aproxima mais de como acontece uma gestação naturalmente, isto é, o encontro de óvulos e espermatozoides acontece dentro das tubas uterinas, onde se forma o embrião que é transportado ao útero para implantar. Portanto, neste tratamento, obrigatoriamente os óvulos virão e a gestação acontecerá na mesma pessoa. Para saber mais sobre como funciona a inseminação intrauterina leia este outro artigo.
A fertilização in vitro (FIV)
este tipo de tratamento permite que os óvulos de uma das parceiras sejam usados para formar os embriões que serão transferidos ao útero da outra parceira (gestação compartilhada). Na FIV também é possível que os óvulos venham de uma das parceiras e os embriões sejam transferidos ao útero dela mesma. Para saber mais como funciona a FIV, leia este outro artigo.
Talvez neste ponto você esteja pensando “não podemos formar embriões com espermatozoides doados e os óvulos das duas parceiras?”. Sim, é possível, através da FIV com espermatozoides doados, formar embriões com os óvulos de uma e ou da outra parceira (cada óvulo recebe um espermatozoide). Contudo, de acordo com determinação do Conselho Federal de Medicina, não é permitido que embriões com origens genéticas diferentes sejam transferidos simultaneamente ao útero. Na prática, isto significa que não podemos colocar no útero ao mesmo tempo embriões formados com os óvulos das duas parceiras, portanto deveremos sempre escolher qual dos embriões será transferido ao útero e esta escolha pode se basear em critérios técnicos, de qualidade embrionária.
Opção de tratamento para casais masculinos
No caso dos parceiros homens, o primeiro passo também é uma consulta para avaliação da saúde reprodutiva e das preferências de cada casal. Para estes casais, a única forma da gestação acontecer é por meio da fertilização in vitro (FIV) com óvulos doados e transferência dos embriões resultantes para uma mulher que irá engravidar pelo casal em um procedimento conhecido como útero de substituição ou cessão temporária de útero.
Um ponto muito importante e que pode causar dúvidas é que, de acordo com determinação do Conselho Federal de Medicina, a cedente temporária do útero não pode ser também a doadora dos óvulos. Portanto, deve-se escolher uma doadora de óvulos e uma outra mulher irá engravidar pelo casal. De acordo com a mesma determinação do CFM, óvulos podem ser doados de forma anônima, quando recorremos a um bancos de óvulos, via doação compartilhada ou ainda, pode ser feita por parentes de até 4o grau de um dos parceiros, evitando consanguinidade (o que significa que a doadora não pode ser parente do homem do qual se utilizarão os espermatozoides para evitar doenças genéticas raras).
A cedente temporária do útero deve ser uma parente de até 4o grau de um dos parceiros, mas existem casos em que o casal não tem uma parente com quem possa contar para dar continuidade ao tratamento. Nestes casos, é necessário solicitar autorização ao Conselho Regional de Medicina para que uma pessoa sem laços de sangue possa ser a cedente temporária do útero. Para isso, é necessário que todos os envolvidos passem por uma avaliação médica e psicológica.
Outro ponto importante de se ressaltar é que, nem a cedente temporária de útero, nem a doadora de óvulos, podem ser remuneradas por isto. Outra dúvida que pode surgir entre os futuros papais é a seguinte: “podemos formar embriões com óvulos doados e espermatozoides dos dois parceiros?”. Sim, é possível que os dois parceiros forneçam espermatozoides para que, com o uso de óvulos doados, possam se formar embriões (cada óvulo doado recebe o espermatozoide de um dos parceiros). Contudo, de acordo com determinação do Conselho Federal de Medicina, não é permitido que embriões com origens genéticas diferentes sejam transferidos simultaneamente ao útero. Na prática, isto significa que não podemos colocar no útero ao mesmo tempo embriões formados com os espermatozoides dos dois parceiros, portanto deveremos escolher qual dos embriões será transferido ao útero (esta escolha pode se basear em critérios técnicos, de qualidade embrionária).
Se você vive um relacionamento homoafetivo e está pensando em constituir uma família, converse com um especialista e tire suas dúvidas. Eu e minha equipe estamos à disposição para ajudar você a tomar uma decisão consciente sobre o tratamento mais adequado para o seu caso.