Avaliação da reserva ovariana

O que é a reserva ovariana?

A reserva ovariana pode ser comparada a um “estoque” de óvulos e é justamente o tamanho deste estoque que determina o potencial reprodutivo da mulher no médio e longo prazo. Isso significa que, quanto maior este estoque de óvulos, por mais tempo esta mulher será fértil e quanto mais baixa a quantidade de óvulos “estocados” no ovário, por menos tempo esta mulher conseguirá ter filhos com seus próprios óvulos. Contudo, isso não significa que a mulher com baixa reserva ovariana é infertil, mas sim, que ela terá menos tempo para conseguir uma gravidez.

A reserva ovariana de uma mulher é determinada antes mesmo do seu nascimento: ainda no útero, o bebê do sexo feminino já tem um número determinado de óvulos em cada ovário. Como os óvulos não se multiplicam após o nascimento, aliás muito pelo contrário, o número de óvulos diminui progressivamente a partir do nascimento da mulher, consequentemente a quantidade de óvulos no “estoque” vai diminuindo progressivamente  com o passar dos anos.

Anticoncepcionais e Reserva Ovariana

Muitas pacientes me perguntam: “Ah, Doutor, então se eu tomar remédios para não menstruar (anticoncepcionais, por exemplo), eu consigo preservar minha reserva ovariana por mais tempo?”. Seria bom se isso acontecesse, mas a verdade é que não. Mesmo tomando medicamentos que bloqueiam a ovulação, como os anticoncepcionais, a mulher continua perdendo a mesma quantidade de óvulos que perderia a cada ciclo caso não utilizasse esta medicação. Isto acontece através de um processo chamado de apoptose, uma espécie de autodestruição que acontece com os folículos ovarianos desde o nascimento e é a principal responsável pela redução natural da reserva ovariana com o passar do tempo.

A quantidade de óvulos com que cada mulher nasce, bem como a velocidade na qual este  estoque é “consumido”, varia de pessoa para pessoa. Alguns fatores podem contribuir para uma menor reserva ovariana, como por exemplo:

  • Histórico de menopausa precoce (antes dos 40 anos) na família (especialmente na mãe),
  • Se a mulher fuma ou já fumou,
  • Se já passou por cirurgia no ovário ou se já passou por quimioterapia.

Outra coisa muito importante de se mencionar é que, além da redução natural da reserva ovariana, a idade materna também tem relação com a qualidade dos óvulos presentes neste estoque. Ou seja, quanto mais velha, menor a qualidade dos seus óvulos. Por sua vez, a qualidade do óvulo tem uma influência direta sobre a qualidade do embrião, isto é, sobre a chance do embrião ter alguma alteração genética não-hereditária e também de conseguir implantar no útero e se manter durante a gestação. Em média, a qualidade dos óvulos começa a diminuir a partir dos 35 anos.

Sem dúvida algumas mulheres permanecerão férteis por mais tempo e outras por menos, mas ainda não existe nenhum exame capaz de avaliar de forma personalizada qual a qualidade dos óvulos de cada mulher. Na prática isto significa que a idade ainda é o melhor parâmetro de avaliação da qualidade dos óvulos e, consequentemente, é a característica que tem mais relação com a chance de uma gestação acontecer, seja naturalmente, seja com o uso de um tratamento para engravidar. 

Quando avaliar a reserva ovariana?

Sempre que há dificuldade para engravidar, uma das primeiras coisas a serem avaliadas é a reserva ovariana. É prudente também avaliar a reserva ovariana em situações em que ela pode estar reduzida (histórico  familiar de menopausa precoce, tabagismo, cirurgias ovarianas, quimio ou radioterapia). Há quem defenda que a reserva ovariana deveria ser avaliada por volta dos 30 anos, mas é importante salientar que uma reserva ovariana normal não garante que a pessoa seja fértil ou que não terá nenhum problema para engravidar no futuro.

Por isso, a qualquer sinal de dificuldade para engravidar, procure um especialista em reprodução humana imediatamente, pois o tempo é um fator importante para a fertilidade feminina.

Como é feita a avaliação da reserva ovariana?

A idade da mulher serve como um parâmetro inicial, mas como a reserva ovariana pode variar bastante entre mulheres da mesma idade e não há nenhum sintoma que nos ajude a estimar o estado da reserva ovariana, é necessário fazer alguns exames para estimá-la. Os principais deles são:

Dosagem do hormônio antimülleriano (HAM)

Trata-se de um exame de sangue que visa medir a quantidade deste hormônio. o HAM é produzido pelos folículos ovarianos que estão em crescimento, portanto a quanto maior a quantidade de HAM no sangue, maior a quantidade de folículos em crescimento e maior a reserva ovariana.

Contagem de folículos antrais pelo ultrassom (US) transvaginal

Por meio deste exame de imagem, que é realizado no próprio consultório, fazemos a contagem dos folículos antrais presentes nos ovários. Idealmente, este exame deve ser feito no começo do ciclo menstrual, em geral, nos primeiros 3 dias. Quanto maior a quantidade de folículos vista ao US, maior a reserva ovariana.

Como a reprodução assistida pode ajudar mulheres com baixa reserva ovariana?

Aproximadamente 1 em cada 5 mulheres com infertilidade tem baixa reserva ovariana, isto é, uma quantidade de óvulos reduzida nos ovários. Isto não é necessariamente uma sentença de que não será possível ser mãe. Contudo, nestes casos, o fator tempo passa a ser mais significativo e não é prudente postergar a gravidez por muito tempo.  Em alguns casos pode-se recorrer aos tratamentos de reprodução assistida com melhores chances de sucesso, como a Fertilização in vitro (FIV), para tentar abreviar o tempo até a ocorrência da gravidez.

Quer saber mais detalhadamente como funciona uma FIV? Acesse este artigo e fique por dentro de todas as informações sobre este tratamento.

Agendar consulta