Quando ela é necessária?
As tubas uterinas, conhecidas no passado como “trompas de falópio”, são dois prolongamentos do útero (uma de cada lado) que chegam próximo aos ovários e que são responsáveis por capturar o óvulo que sai na ovulação e por transportá-lo até o interior do útero.
É dentro das tubas uterinas que acontece o encontro entre o óvulo e o espermatozoide, a fecundação, seja em uma gravidez que ocorre de forma natural ou através da inseminação artificial. Por ter este papel tão importante, sua avaliação é fundamental na investigação da infertilidade feminina.
Na maioria das vezes, as alterações das tubas uterinas são adquiridas ao longo da vida, isto é, são uma consequência de doenças que provocam inflamação e aderências na região pélvica. A endometriose e as doenças infecciosas pélvicas provocadas pela clamídia e/ou pelo gonococo são as causas mais comuns de alterações nas tubas. Cirurgias como a miomectomia ou a apendicectomia (com apêndice supurado) podem, em algumas mulheres, causar aderências que provocam alterações nas tubas uterinas.
Em alguns casos as tubas uterinas podem estar completamente obstruídas, com claro comprometimento da sua função; em outros, sua anatomia está distorcida, comprometendo o transporte dos óvulos e seu encontro com os espermatozoides.
Em geral, a paciente com uma condição tubária não costuma ter um sintoma específico além da dificuldade para engravidar. Como as tubas uterinas são bastante finas e delicadas, suas alterações muitas vezes não aparecem nos exames rotineiros de consultório. Para avaliá-las adequadamente, é necessário fazer um exame específico com uso de contraste, a histerossalpingografia.
O que é e como funciona a Histerossalpingografia?
Este exame é realizado logo após o término da menstruação e antes da ovulação, isto é, geralmente entre o 5º e o 12º dia do ciclo menstrual. Trata-se de um exame de baixa complexidade, mas extremamente valioso para o diagnóstico de infertilidade, pois ele traz muitas informações para nós, médicos. Vale ressaltar que este exame deve ser executado por um profissional experiente para trazer as informações necessárias para o tratamento da infertilidade feminina.
Para realizá-lo, a mulher começa fazendo um exame ginecológico com o espéculo, similar a quando faz o Papanicolau. Um cateter (tubo bem fino) é colocado pelo canal do colo do útero e por meio dele, é injetado um contraste (líquido que aparece branco ao raio-X). Por pressão, o contraste preenche a cavidade uterina e, a seguir, as tubas uterinas. São feitas diversas imagens de raio-X durante o exame para acompanhar o caminho que o contraste faz no interior do útero e das tubas uterinas (que por sinal, é o mesmo caminho que os espermatozoides devem fazer). Com isto, conseguimos avaliar se as tubas uterinas estão obstruídas ou não e se há alguma alteração na sua anatomia.
Na histerossalpingografia, é possível avaliar também algumas alterações da cavidade uterina, como septos, aderências e miomas submucosos, contudo há exames mais precisos para avaliar a cavidade uterina, e se você tiver interesse sobre o tema, pode consultar este artigo.
Quando feito por um profissional especializado e experiente, é um exame bem tolerado pela paciente, causando apenas um leve desconforto e sem necessidade de anestesia na maioria dos casos. Outros exames de imagem podem ser usados para avaliar as tubas uterinas (complementando ou substituindo a histerossalpingografia), como por exemplo, a ressonância magnética (histerorressonância), no qual também é aplicado um contraste específico.
Em todos os casos, quando há dificuldade para engravidar, o mais importante é procurar ajuda especializada. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico do problema que está causando a demora na gravidez, maiores as chances de chegar ao resultado desejado.